Entenda o que são Dispositivos de Proteção contra Surto, como funcionam e a importância da realização de ensaios em DPS, para garantir a segurança e qualidade do dispositivo.
O que é um DPS?
DPS é a sigla para Dispositivo de Proteção contra Surtos, também conhecido como Supressor de Surtos e Protetor contra Surtos Elétricos.
A aplicação desse dispositivo tem como objetivo proteger produtos domésticos, transformadores, luminárias urbanas, linhas de telecomunicações, painéis de energia solar, etc. Na maioria das vezes, evitando que tais equipamentos queimem ou se danifiquem por surtos na rede elétrica.
Em decorrência de suas diversas aplicações, existem três classes de DPS, voltadas para sobretensões em lugares específicos, com capacidades e aplicações diferentes.
O que é surto elétrico?
Os surtos elétricos são provenientes de uma onda transitória de tensão com uma taxa de variação elevada. Em outras palavras, é um fenômeno que faz a tensão de um determinado ponto variar de dezenas até milhões de volts. Isso ocorre em um tempo muito curto, em torno de alguns milésimos de segundo. Em suma, quando esse tipo de evento acontece e se propaga ao longo de um sistema elétrico, pode gerar sérios danos aos equipamentos. Além disso, há a possibilidade de causar acidentes graves, como um incêndio, por exemplo.
Um surto elétrico surge, normalmente, de descargas atmosféricas (raios), manobras de rede ou então da alternância entre liga e desliga de máquinas como grandes motores elétricos. No caso das manobras, trata-se de blecautes ou simples desligamentos e religamentos na distribuição de energia de um bairro, por exemplo.
Como um DPS funciona?
Já entendemos o que são surtos elétricos e que os DPS servem para proteger a rede elétrica dos mesmos. Entretanto, como um DPS age?
Pode-se dizer que os DPS atuam como uma espécie de válvula. Eles são conectados entre o fio de aterramento e o condutor que se deseja proteger, por exemplo sendo ligado entre fase-terra e neutro-terra. São necessários 2 DPS para proteger instalações monofásicas e 4 para trifásicas com neutro.
Em síntese, os dispositivos atuam como um desvio da descarga para o sistema de aterramento. Assim, é um processo rápido, que ocorre em uma fração de segundo e, por conta disso, o disjuntor nem detecta a fuga da corrente. É importante ressaltar que, se o DPS tiver sua qualidade atestada por normas internacionais e for devidamente instalado, não oferece nenhum tipo de risco.
A importância do DPS:
Essa medida de segurança, além de poupar as edificações de surtos elétricos, prolonga a vida útil de todos os equipamentos que estejam conectados à rede elétrica. Considerando que sempre estamos sujeitos à quedas de raio e outros imprevistos, é crucial ter um dispositivo que promova maior segurança nesse sentido.
Quando se trata de rede elétrica, os prejuízos podem não se limitar a questões materiais, como no caso de um incêndio com vítimas. Em decorrência disso, é essencial contar com estratégias preventivas, como uso do DPS.
A importância dos ensaios em DPS: entrevista
Para entender a importância da realização de ensaios em Dispositivos de Proteção Contra Surto, entrevistamos o engenheiro de controle e automação, Ricardo Bortolini. Atualmente Ricardo é gerente técnico do Laboratório de Ensaios – Setor Fotovoltaico do Instituto de Redes Inteligentes.
O que um ensaio pode evitar? (possíveis acidentes e ocorrências, etc).
Como a função dos DPS é descarregar uma corrente de surto para o aterramento, ele deve estar preparado para o pior caso, onde a corrente que ele precisa descarregar é maior do que a corrente máxima que o dispositivo suporta. Nesse caso muito provavelmente ocorrerá a queima do DPS e possível destruição do mesmo. Normas internacionais como a IEC 61643-11 definem requisitos mínimos de segurança para garantir, que no caso de uma falha crítica, o DPS deixe de operar sem causar dano aos demais equipamentos ou instalações próximas.
Outra questão é a importância de verificar se aquilo que está sendo entregue ao consumidor de fato é o que ele está comprando, por exemplo, garantir que um DPS com corrente nominal de 10 A consiga conduzir 10 A sem problemas.
Qual é o procedimento realizado?
Diversos ensaios são realizados para que o produto possa carregar o selo de aprovado por normas como a IEC 61643-11 ou a EN 50539-11. Entre os ensaios mais importantes pode-se destacar a seção 7.4.7 da norma européia EN 50539-11 “teste de comportamento em sobrecarga” onde o dispositivo é cercado com papel e submetido a uma situação de sobrecarga. Durante a atuação do dispositivo o papel ao redor dele não pode sofrer nenhum tipo de dano como rasgar ou queimar.
Um ensaio reforça a segurança e qualidade do dispositivo?
Sem dúvidas, é muito comum ver testes como o explicado na situação anterior em que o papel incendeia ou estilhaços do DPS voam as vezes a metros de distância do mesmo, colocando em risco não apenas a instalação elétrica como as pessoas.
Ensaios obrigatórios assegurariam que apenas equipamentos com os requisitos mínimos de segurança e qualidade fossem comercializados
Quais as vantagens de realizar um ensaio em DPS?
A realização de ensaios em equipamentos, não apenas DPS, permite conhecer os limites e o comportamento do equipamento frente a diferentes situações da utilização normal e, principalmente, anormal do equipamento. Garantindo assim que ele atenda as especificações mínimas de segurança e desempenho
Por que deveria se tornar algo padronizado?
A padronização de ensaios é importante para garantir que todos os DPS sejam testados da mesma forma. Uma situação de sobrecarga, por exemplo, pode ser de apenas 10% ou de 3-4 vezes a capacidade do equipamento e informações como “resistente a sobrecarga” se tornam vagas quando não se conhece o procedimento de ensaio ao qual o equipamento foi submetido.
A partir dessa entrevista, ficou evidente que os DPS são muito importantes para garantir a segurança e que sua presença é indispensável. Para assegurar a qualidade e eficiência do dispositivo, ensaios são fundamentais, pois garantem que o mesmo não tenha defeitos ou falhas que coloquem a rede elétrica em risco.
Gostou do conteúdo? Compartilhe!